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30/10/2010 08h01 - Atualizado em 30/10/2010 08h38

Porto de Natal chega aos 78 anos com perspectivas de crescimento

Em entrevista o Portal Mercado Aberto, o atual presidente da Codern lembra a história recente do Porto de Natal.

Por: Felipe Gibson

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O ano era 1932. O dia, 24 de outubro, lembrado na história brasileira pela Revolução de 1930. Em Natal, o aniversário de dois anos da data histórica marcou a inauguração oficial do Porto de Natal, que completou na semana passada 78 anos. Ao longo de quase oito décadas, o aniversariante passou por altos e baixos. Em 2010, com obras em andamento e projetos para um futuro próximo, o morador da Ribeira "parece um menino", nas palavras do diretor-presidente da Companhia das Docas do Rio Grande do Norte (Codern), Emerson Fernandes.


Funcionário da Codern desde o início da década de 1980, Emerson Fernandes chegou ao cargo de diretor em 2008, deixando seu cargo na gerência de operações. Em entrevista o Portal Mercado Aberto, o atual presidente da Codern lembra a história recente do Porto de Natal, fala sobre dificuldades, desafios, e comenta o planejamento para equipar o setor portuário potiguar.


O diretor espera que até os primeiros meses de 2011, a dragagem de aprofundamento do canal do Rio Potengi de 10 metros para 12,5 m esteja concluída. Dentro do planejamento para o ano que vem também estão o término da ampliação do cais, a conclusão de um novo berço e o início das obras do Terminal Marítimo de Passageiros. Para 2012, o pensamento é começar a construção de um berço na margem esquerda do rio.


Entre outros desafios, Fernandes conta o trabalho que vem sendo feito pela Codern para quitar uma série de dívidas trabalhistas, previdenciária e de instituições.


Do passado ao presente
O atual diretor da Codern começou a trabalhar no Porto de Natal no início da década de 1980, quando a administração ainda era da Portobrás, criada anos antes para cuidar das atividades portuárias em nível nacional. Em 1990, a empresa foi dissolvida e a gestão do porto sofreu um baque. "Para quem militava na área portuária foi um desastre. Houve uma estagnação e o que poderíamos avançar era no esforço restrito da classe política. Não havia planejamento, linha de continuidade", conta Fernandes.


Na opinião de Emerson Fernandes, após a criação da Secretaria Especial dos Portos, em 2007, o panorama mudou. "Antes o porto era ligado ao Ministério dos Transportes, que atendia bem, mas concentrava vários itens como rodovias e ferrovias, de forma que o montante disponível nem sempre era suficiente. Na hora que altera essa forma de gestão, com um ministro chefe para o setor, você tem uma significativa mudança.", explica.


Com a mudança no modelo, o diretor da Codern reforça que foi possível trabalhar com um planejamento contínuo. Entre as realizações, Fernandes, que assumiu o cargo de diretor em 2008, cita a reforma na pavimentação do porto, a ampliação de subestações de energia, o aumento do número de tomadas para containers, no entanto as obras mais significativas ainda estão a caminho.

 

 

 

Dragagem e terminal de passageiros

Iniciada em junho deste ano e com orçamento de R$ 34,4 milhões, a dragagem que vai aprofundar o canal do Rio Potengi de 10 m para 12,5 m promete ter impactos tanto no campo econômico quanto turístico, como projeta Emerson Fernandes. Com a possibilidade de receber navios maiores e assim mais do que dobrar a capacidade de toneladas recebidas, hoje na margem de 25 mil, a dragagem abaterá custos até então necessários para receber as cargas.


"Tudo que chega aqui é desembarcada em Suape [Pernambuco], ou seja, vem de caminhão para cá. Temos o custo marítimo e rodoviário", explica o diretor da Codern. Segundo Fernandes o resultado aparecerá também no preço dos produtos, que ficarão mais baratos e consequentemente poderão ser repassados a custos menores para o consumidor. Na esfera turística, a possibilidade de receber embarcações de turismo é o ponto crucial. Para tanto, a ideia é que o Terminal Marítimo de Passageiros seja iniciado em 2011.


Previsto inicialmente para dezembro deste ano, a dragagem deve ser concluída em janeiro ou fevereiro. "Se não tiver percalço, você conclui no prazo, mas enquanto você está dragando existem alguns entraves, mas atraso considerável não vai haver, garante Fernandes." O diretor da Codern se refere a problemas como o encalhe da draga francesa La Belle, que ficou presa na praia da Redinha em agosto e paralisou as obras.


As operações foram retomadas pela draga americana Reem Island e devem continuar posteriormente com uma nova draga, que fará a derrocagem (retirada de pedras) em alguns pontos como a Pedra da Bicuda e Baixinha. Na última década houve derrocagem delas, mas você estava dragando para dez metros. Se faço agora para 12,5 m, não posso deixar com 10,5 m, tenho que ir para 13. Se for para 15 m, tenho que dragar novamente", explica.


Sobre a construção do Terminal Marítimo de Passageiros, Fernandes explica que o local terá condições semelhantes a um aeroporto, com uma estrutura para receber passageiros com esteiras, segurança e aparelhos de raio-X. "São condições que já existem em portos de Miami, Caribe, referências no mundo inteiro na área de turismo", reforça.


A obra custará R$ 53,7 milhões. "É fundamental para que possamos nos manter no mercado e ganhar posições. Vai nos colocar em belíssimas condições", conclui o diretor a Codern.


Novos projetos e antigos desafios
Apesar do bom momento vivido pelo porto, pendências ainda existem no atual panorama. Emerson Fernandes revela que a Codern acumulou uma série de problemas financeiros. Segundo o diretor, as questões giram em torno de dívidas trabalhistas, além de débitos com a previdência e outras instituições, que a companhia vem tentando quitar nos últimos anos.


"Estamos conseguindo paulatinamente vencer. Não está tudo resolvido, mas uma série de itens foi resolvido", afirma Fernandes. De acordo com o diretor da Codern, cinco sextos do débito com a previdência complementar e três quartos da dívida trabalhista, superior a R$ 19 milhões, estão quitados.


A preocupação com as dívidas, no entanto, não tem tirado o foco de manter uma linha de continuidade nos projetos para o setor portuário. Uma das ideias, que já vem sendo trabalhada, é a construção de um berço para acolher navios na margem esquerda do Rio Potengi, localizada em frente ao cais da Ribeira. "Estamos vendo as possibilidades construtivas, qual delas é a mais barata. Trabalhamos com um tamanho mínimo de 52 m e máximo de 220 m", explica Fernandes.


Para o diretor da Codern a localização é estrategicamente perfeita, por ficar próxima às rodovias de acesso ao futuro aeroporto de São Gonçalo do Amarante. "Se concretizar a ideia de um aeroporto concentrador de cargas em São Gonçalo para toda a América do Sul, essa ligação será fundamental", avalia. Fernandes conta que com um berço na margem esquerda também será possível transportar matérias primas encontradas no RN como o minério de ferro e o calcário.


Sobre a posição do Porto de Natal no mercado portuário, o diretor da Codern mostra otimismo. "Existem dois portos nordestinos, Pecém [Ceará] e Suape [Pernambuco], de terceira geração, capazes de associar a atividade e um entorno que acolhe indústrias. Nós não estaremos nem vamos procurar competir com eles, nosso nicho mercado é outro. Atender operações, fazer com que embarques e desembarques se processem com rapidez a preço de mercado. Digo sem medo de errar, estamos muito bem e em plenas condições de competir e ganhar de Fortaleza, Cabedelo [Paraíba] e Recife", conclui Fernandes.


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