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13/04/2012 15h07 - Atualizado em 14/04/2012 17h23

Seca: Agricultores do Rio Grande do Norte são pegos de surpresa

Estimativas apontam que mais de 60% das lavouras já estão comprometidas por causa da estiagem

Por: Jéssica Guerra

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Os agricultores do Rio Grande do Norte tinham se preparado para o plantio da safra, apesar da previsão meteorológica, realizada em fevereiro por estudiosos da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn), afirmar que havia menos da metade de probabilidade do índice pluviométrico durante o mês de março ser normal. Mesmo com a antevisão adversa, os profissionais do campo "araram" as terras e acreditaram na consolidação da chuva, que não veio.

As consequências desses fatores foram diversas. De acordo com o Analista de Mercado de Produtos Agrícolas da Companhia Nacional de Abastecimento no Rio Grande do Norte (Conab-RN), Luís Gonzaga, na região foram afetados todos os produtos de sequeiros (grãos), em especial o algodão, feijão, gergelim, girassol, mamona, milho e o sorgo granífero.

Além disso, ele estima que outras culturas ainda serão comprometidas pela ausência das chuvas como, a castanha-de-caju, que embora a colheita se dê a partir dos meses de setembro e outubro, é alta a probabilidade de que a falta de água reflita na produtividade dos cajueiros. Segundo Luís Gonzaga, cerca de 60% das lavouras já foram comprometidas pela estiagem.

Em entrevista para uma emissora de rádio potiguar, o meteorologista da Emparn, Gilmar Bristot, afirma que já era esperado que o ano de 2012 fosse difícil e que as chuvas seriam mal distribuídas, mas que a "situação é critica em todo o Nordeste, já que nós sabemos que o primeiro semestre é de produtor de recursos naturais e o segundo semestre é de consumidor destes recursos. Este ano, não temos uma grande quantidade para consumir, já que a produção está sendo baixa". Para o também meteorologista da Emparn, Alexandre Santos, a perda na agricultura será irreparável.

Com relação à agropecuária, a estimativa é de que mesmo passando por dificuldades, por causa da escassez do pasto e de rações como o caroço de algodão; palma e folhagem, os danos causados pela seca possam ser amenizados durante o mês de abril, na região do semiárido. "A previsão para as chuvas durante este mês é abaixo do esperado. Apesar disso, acredito que os valores finais sejam suficientes para suavizar a problemática nas pastagens de gado", afirma Alexandre.

As classes mais atingidas pela seca no Nordeste foram os agricultores familiares e os produtores de pequenas quantidades de espécies. No primeiro caso, o autoconsumo de subsistência ficará comprometido e as famílias terão de suprir a demanda com a aquisição dos alimentos no mercado. Na segunda ocasião, os pequenos agricultores que não possuem sistema de irrigação não conseguiram amenizar o problema da ausência de chuvas na região.

Alexandre Santos afirma que a área do Vale do Açu, principal pólo exportador da fruticultura no estado, também foi bastante atingido. "Até o final deste mês, nós esperamos chuvas significativas apenas nas áreas próximas às cidades de Natal e Patu. E também em alguns municípios localizados na conhecida "tromba do elefante"", conclui o meteorologista.

Entenda o que aconteceu

Segundo Alexandre Santos, os meses de março e abril costumam ser os mais chuvosos na região do semiárido nordestino, em virtude da Zona de Convergência Intertropical se posicionar abaixo da Linha do Equador durante o período. Tal fenômeno meteorológico é desenvolvido quando ocorre o encontro dos ventos originários dos hemisférios norte e sul.

Contudo, o que aconteceu esse ano foi o resfriamento do oceano Atlântico Sul que culminou na diminuição da temperatura e umidade da área. Esses dois fatores somados a alta velocidade dos ventos impulsionaram a formação de nuvens sem precipitação pluviométrica. Ou seja, atualmente o clima na região afetada encontra-se mais frio e seco do que o comum.

 


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