Mudanças no Simples podem atrair 4 milhões de empresasAlterações previstas para a Lei Geral poderão aumentar em até 50% o número de empresas optantes do Simples. O sistema reduz em 40% a carga tributária para empreendedores |
As alterações propostas para a Lei Complementar 123/2006, também conhecida como Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, poderão contribuir para ampliar a quantidade de empresas optantes pelo Simples Nacional, o sistema simplificado de arrecadação de tributos. Com a chamada universalização do Simples, o ingresso de novos negócios poderá ser ampliado em até 50% com base no montante atual, segundo cálculos do Sebrae. Atualmente, cerca de 8,5 milhões de empresas no Brasil – 105,6 mil delas, apenas no Rio Grande do Norte – contam com benefícios de optarem pelo sistema. O regime unifica na mesma guia oito impostos das três esferas e chega a reduz em até 40% a carga tributária para o empreendedor.
A universalização do Simples Nacional é um dos focos da Caravana da
Simplificação, que percorre o País para mobilizar as lideranças empresariais
acerca do Novo Simples, como está sendo chamada a universalização. Promovida
pelo Sebrae, Secretaria Especial da Micro e Pequena Empresa da Presidência da
República (SMPE), Frente Parlamentar da Micro e Pequena Empresa e Comissão do
Projeto de Lei Complementar 221/2012, a caravana já passou por Minas Gerais,
Goiás, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. No dia 21, aporta no Rio Grande do
Norte e contará com a presença do ministro Guilherme Afif Domingos. O evento
será realizado no auditório do Sebrae no Rio
Grande do Norte, em Natal, a partir das 10h.
A ideia é trazer para discussão junto às classes produtivas e políticas locais,
ainda neste ano, aspectos referentes às mudanças que compõem o Novo Simples. A
universalização é o principal deles e visa inserir no sistema as atividades do
setor de serviços que atualmente estão impedidas de desfrutar do regime
simplificado, como as empresas de publicidade e propaganda, consultórios
médicos e escritórios de advocacia. Segundo estimativas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o
Brasil conta com 6 mil advogados, no entanto, apenas 1% dos escritórios têm
Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ). A universalização estabelece que a
única regra para inclusão nesse sistema seja a do faturamento anual, cujo teto
atual para ingresso é de até R$ 3,6 milhões.
Com o Novo Simples, também são derrubadas as barreiras que engessam a entrada
no programa do Microempreendedor Individual (MEI). Muitas vezes, o empreendedor
deixa de se formalizar nessa categoria jurídica devido à inviabilidade
ocasionada por determinadas regras, como a do Imposto sobre a Propriedade
Predial e Territorial Urbana (IPTU). Se o MEI presta serviço diretamente nas
empresas ou domicílios, por exemplo, ainda assim, o endereço do negócio
coincide com o residencial. Por isso, o IPTU triplica de valor por passar a ser
considerado imóvel comercial. Aumento semelhante pode ocorrer ainda com contas
de água e de luz. Esses são alguns muitos casos de incompatibilidade, que
precisam ser revistos.
A atualização dos valores do teto também é alvo das discussões. A
proposta é trazer para debate a ampliação dos limites ainda este ano para que
passe a vigorar em 2015, conforme ficou estabelecido há três anos. De acordo
com o gerente da Unidade de Políticas Públicas do Sebrae Nacional, Bruno Quick,
essas mudanças atrairiam um número maior de empresas para o Simples,
principalmente, empresas com faturamento anual na faixa entre R$ 60 mil e R$
3,6 milhões (microempresas e empresas de pequeno porte).
Cadastro
Outro ponto é adoção de um cadastro único, que neste caso seria o CNPJ, eliminando as dezenas de inscrições (estadual, municipal, no Ministério da Fazenda, no Ministério da Agricultura, etc) necessárias ao funcionamento das empresas, dependendo do setor. “Adoção do CNPJ como cadastro único e integrado seria uma grande alívio para o empreendedor. A interligação das diversas inscrições são procedimentos internos, que cabe ao governo sanar. Não pode sobrar para o empresário fazer essa costura”, justifica Bruno Quick.
As lideranças querem ainda estabelecer um dispositivo condicionante para
que, qualquer lei estadual que tenha impacto sobre as micro e pequenas
empresas, o governo apresente os benefícios e diferenciação que a referida
legislação traga para os negócios de pequeno porte. O mesmo para o sentido das
fiscalizações, que passem de punitivas para orientadoras no momento da primeira
visita.
“A primeira fiscalização não se deve multar, mas orientar, dar um prazo para
adequação. Muitas vezes, o empresário sequer sabia que cometia infração. O
estado pode penalizar, porém, primeiro, precisa ter prestado orientações
antes”, diz Bruno Quick. Todas essas mudanças estão propostas no PLP 221/2010,
que deve entrar para apreciação da Câmara dos deputados e no Senado neste ano.
Redesim
Um dos principais objetivos da Caravana da Simplificação é iniciar o processo
de fortalecimento dos fóruns estaduais, a partir da atuação conjunta com o
Fórum Permanente e a SMPE. A ideia é criar uma em todos os estados visando à
desoneração tributária, desburocratização do processo de abertura e fechamento
de empresas e do cumprimento das obrigações acessórias e de apoio ao aumento da
competitividade do setor, que representa 98% das empresas do Rio Grande do
Norte.
Além de ratificar a importância da aprovação do Novo Simples, a Caravana da
Simplificação pretende impulsionar a implantação da Rede Nacional para a
Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios (Redesim) nos
estados. Esse sistema é integrado e permite a abertura, fechamento, alteração e
legalização de empresas em todas as juntas comerciais do Brasil, simplificando
procedimentos e reduzindo a burocracia.
Segundo o gerente da Unidade de Políticas Públicas do Sebrae no Rio Grande do
Norte, Hélmani de Souza Rocha, o sistema já está implantado na Junta Comercial do Rio Grande do Norte (Jucern).
Trata-se de um sistema integrador que une órgãos da esfera estadual e também
municipal envolvidos no processo de legalização e encerramento de empresas. De
acordo com o gerente, no Rio Grande do Norte, apenas 50 municípios estão
interligados à Redesim. Além disso, mais quatro entes faltam adentrar no
sistema para que a implantação seja efetivada, a Secretaria Estadual de Tributação (Set),
Corpo de Bombeiros, Vigilância Sanitária e Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio
Ambiente do RN (Idema).
A proposta do Redesin é interligar todos os processos dos órgãos e entidades
responsáveis pelo registro, inscrição, alteração e baixa das empresas, por meio
de uma única entrada de dados e de documentos, acessada via internet. Com a
Redesim, os usuários também poderão obter informações e orientações pela
internet ou de forma presencial, a exemplo do acesso a dados de registro ou
inscrição, alteração e baixa de empresários e pessoas jurídicas.
Fonte: Agência Sebrae de Notícias RN












