Viagens para Europa crescem até 30% com desvalorização do euro |
Os brasileiros que sonham em um dia conhecer a Europa podem hoje enxergar a possibilidade de perto. A crise econômica de alguns países do velho continente como Itália, Grécia e Portugal, culminou na desvalorização do euro, o que vem deixando os preços dos pacotes cada vez mais atraentes. Em 2010, a moeda européia começou o ano valendo R$ 2,48, custo que despencou para uma média cambial de R$ 2,20.
Nas agências de viagens, o incremento na compra de pacotes para a Europa neste ano fica na faixa de 20% e 30% em relação ao primeiro semestre de 2009. A queda de 20% nos preços deixou viagens ao velho continente mais em conta do que visitas a alguns destinos brasileiros. Para a presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav/RN), Ana Carolina Costa, o momento não podia estar melhor.
A representante da Abav exemplifica a paridade nos preços de destinos domésticos e europeus com os R$ 2.808 que vêm sendo cobrados por um réveillon na cidade de Lisboa, em Portugal, com passagem, seis noites de hospedagem, translado, city tour e seguro. “Na Via Costeira, o pacote de casal fica na média de R$ 2.500 por sete noites. No litoral baiano, pelo mesmo período, o preço fica na faixa de R$ 3.000”, conta.
Neste ano, o crescimento das viagens para a Europa chamou a atenção principalmente nos meses de baixa estação, entre fevereiro e junho, quando a compra de pacotes se manteve em alta. Ana Carolina Costa ressalta que além da desvalorização do euro, o preço do dólar também influi, já que as passagens são compradas na moeda americana. Em 2009 o dólar fechou junho custando R$ 1,95. Hoje o valor é R$ 1,78.
Os números de 2010, segundo o diretor da Arituba Turismo, Abdon Gosson, ficaram acima de qualquer expectativa. “Estamos com uma média entre 85% e 90% de ocupação de voos para Europa e Estados Unidos”, revela. A diretora da Athenas Turismo, Oana Fernandes, reforça destacando Paris, Londres, Madrid, Lisboa e Roma como as cidades que mais atraem turistas na Europa, com Nova York e Orlando sendo as escolhidas quando as viagens são para os Estados Unidos.
A desvalorização do euro tem funcionado também para diversificar as opções das pessoas que desejam viajar. Segundo Ana Carolina Costa, presidente da Abav, com a temporada de inverno na América do Sul, países como Chile, Peru e Argentina são destinos procurados, porém a Europa também virou uma escolha. “Aqueles que não gostam do frio podem escolher o verão europeu nesta época”, lembra.
Mudança de perfil
Conhecido por sempre tomar decisões e resolver pendências de última hora, o brasileiro tem apresentado uma mudança de postura quando o assunto é viajar. Segundo a presidente da Abav, o natalense aprendeu a se programar, principalmente pelos preços serem mais em conta quando as compras são feitas com antecedência. “As pessoas estão criando o hábito e vendo a viagem como uma oportunidade de adquirir cultura, status, conhecimento”, explica Ana Carolina Costa.
O diretor da Arituba Turismo, Abdon Gosson, conta que muita gente já tem programado viagens para o Carnaval do ano que vem. “Eles conseguem o valor duas ou três vezes menor”, ressalta. Para Gosson, a antecedência nas compras é boa tanto para quem compra, quanto para quem vende, de maneira que a preparação pode ser mais bem planejada. “Quem se programa tem bons preços e serviços melhores”.
Outro fator que tem feito as pessoas se programarem são as facilidade de parcelamento encontradas hoje. A diretora da Athenas Turismo, Oana Fernandes, explica que quando se fala em tarifa aérea, o tratamento é diferenciado, pois os custos são maiores. “O preço pesa muito quando a compra é feita com antecedência. De uma hora para outra a tarifa aumenta, dependendo da ocupação da aeronave”, ressalta.
Sobre a possibilidade da compra com antecedência virar uma faca de dois gumes com uma possível valorização do euro, o economista José Aldemir Freire acalma os turistas. “É complicado tratar do futuro, pode até haver uma surpresa, mas é muito difícil o euro voltar ao patamar em que estava. A tendência é que ele continue perdendo valor. Alguns economistas falam em uma crise definitiva da moeda”.












