Presidente do Pittsburg conta os segredos da expansão da rede fast-food |
Por: Felipe Gibson
De uma pequena lanchonete a uma rede de fast-food referência no Nordeste. Em 26 anos essa foi a trajetória do Pittsburg, nome inspirado na cidade norte-americana e escolhido por Franklin Veloso para o estabelecimento que acabara de abrir no shopping Natal Sul em 1984. Com a ajuda do primo e sócio Kleber Carlos Carvalho, que veio de São Paulo para ajudar na nova empreitada, o negócio prosperou.
Em 93, Franklin deixou o Pittsburg e Kleber em parceria com sua mulher Patrícia assumiu a lanchonete, a essa altura já localizada no atual endereço, na avenida Prudente de Morais. Apostando na qualificação de produto e atendimento, o Pittsburg iniciou sua escalada para se tornar a bem sucedida rede de fast-food, hoje com estabelecimentos distribuídos por Natal, Mossoró, Campina Grande e João Pessoa.
Aos 47 anos, Kleber Carvalho é o tipo de administrador que gosta de acompanhar seu negócio de perto. Mesmo reservando mais tempo para a família, o presidente do Pittsburg não deixa seu negócio de lado e segue investindo em novidades, como a recente abertura do Pittsbar, espaço no estilo barzinho, com ambiente diferenciado e música ao vivo.
Em um futuro próximo, Carvalho espera expandir mais a rede Pittsburg com a transformação de todas as lojas em franquias, com exceção da matriz localizada na avenida Prudente de Morais, símbolo do sucesso da rede de fast-food e onde ele nos concedeu essa entrevista:
Mercado Aberto: Quando começou sua história como empreendedor?
Kleber Carvalho: Começou quando eu morava em São Paulo e trabalhava na prefeitura em meados de 1984. Então surgiu a oportunidade de vir para Natal porque um primo meu havia montado o Pittsburg com uma prima minha. Eles procuravam um sócio para trabalhar e eu vim em 1985, foi quando começamos a movimentar mais o Pittsburg.
MA: Como aconteceu o processo de crescimento do Pittsburg?
KC: Quando cheguei para administrar a loja era um negócio muito caseiro, pequeno, uma loja de apenas quatro meses no shopping Natal Sul. A intenção deles não era nem crescer tanto como a gente está hoje, mas eu vim com outro espírito. O pessoal de São Paulo, do Sul, realmente é mais ralador, gosta de trabalhar mais, ir à luta mesmo. E aos poucos nós conseguimos ganhar mercado, sempre trabalhando com mídia, marketing, fortalecimento de marca, fomos colocando produtos no cardápio para agregar outros públicos. Na época só tinha sanduíche e refrigerante e com o tempo colocamos pizza, choop, petisco, suco, foi incrementando e aumentado a gama de clientes.
MA: Quais foram os segredos para o negócio prosperar?
KC: Os segredos não se podem contar (risos), mas acho que o principal é a qualidade do produto. Desde o início tínhamos a mentalidade de trabalhar com produtos de qualidade e ter sempre um bom atendimento. Eram eu, minha esposa e meu primo atendendo. À medida que foi crescendo fomos contratando, sempre exigindo bom atendimento, dando treinamento e passando o que a gente quer proporcionar aos clientes. O segredo principal é o produto, o sabor diferenciado, mais caseiro, a qualidade no atendimento e estar sempre inovando. Estamos sempre procurando coisas novas, estou sempre viajando, trago novidades. Sujou uma parede, já mando pintar, quebrou um negócio, mando arrumar, é o que falta a alguns comércios, porque as pessoas deixam relaxado. Gosto de estar sempre conservando.
MA: Com o crescimento mudou um pouco do perfil do público do Pittsburg. Como você faz para se adaptar a uma nova realidade?
KC: O público nosso, o foco, foi sempre uma média na adolescência até 25 ou 30 anos, mas com o passar do tempo fomos ganhando, crescemos junto com a cidade. A gente começou em 1985 e os clientes foram ficando mais velhos, tiveram filhos, de forma que não perdemos o cliente do início. Além da faixa etária do público mais jovem, também atendemos pessoas de idade mais avançada, de 30 a 40 anos, porque elas cresceram no Pittsburg.
MA: Já existem lojas fora de Natal e até do Rio Grande do Norte. Quando vocês enxergaram essa oportunidade?
KC: Desde o início. Começamos com uma loja pequena, viemos para cá, que é a loja matriz, e isso por necessidade, não foi uma vontade nossa. Tinha a loja pequena, pediram o ponto, mudamos em 90 ou 91, aqui não existia comércio nenhum, era tudo abandonado. Viemos com medo, mas em uma semana recuperamos tudo que foi investido e aí começou o crescimento. Depois chegaram shoopings, começaram a vir marcas multinacionais, a concorrência, McDonald’s, Bob’s, Cupim Pão de Batata, agora Burgerking, e daí a necessidade de não parar no tempo, de crescer junto com a cidade. Se ficássemos parados, com uma loja só, a concorrência engoliria, e surgiu a necessidade a abrir novas lojas, nos shoppings e em pontos estratégicos como Ponta Negra. Isso tudo com lojas próprias, hoje temos oito. Não podíamos parar a expansão. Mas com lojas próprias fica difícil de administrar, principalmente neste ramo. Para se manter no mercado partimos para franquia.
MA: Como foi essa mudança?
KC: A empresa foi formatada há três anos, contratamos uma empresa de consultoria para começar a vender franquia, o nosso know-how. Já tem o nome forte na cidade, o produto de qualidade e atendimento. A maneira de continuar crescendo dentro do estado e fora também é através de franquias, não dava para continuar com lojas próprias.
MA: Vocês inauguraram recentemente o Pittsbar no estilo barzinho e já existe o Parque do Pittsauro para festas infantis. Como vocês enxergaram essa diversificação do negócio?
KC: É uma necessidade e sempre acompanhando o crescimento da cidade. Até o ano passado não se tinha muita opção de barzinho, música ao vivo, e era uma coisa que eu sempre tive vontade, meus filhos também. Como esse espaço estava ocioso e era só uma entrada para o parque em cima, vimos a necessidade, até pelos clientes que querem tomar uma cerveja ou um petisco diferente. Como eu não queria misturar, deixar o Pittsburg com uma cara de barzinho, aproveitamos esse espaço anexo. Abrimos o Pittsbar, que é um novo estilo, com música ao vivo, ambiente mais descontraído, aconchegante, para o pessoal vir e ficar, já que no Pittsburg é muito aquele negócio, de vir, lanchar e sair, é a rotatividade, o antes e o depois.
MA: De que forma vocês vêm essas oportunidades? Os novos nichos para atuar?
KC: Sempre vendo a necessidade dos nossos clientes, trabalhamos muito com pesquisa em cima deles e sempre antenados no que está acontecendo no mercado de fora. Com o parque a gente viu a oportunidade de fidelizar o cliente, pegar esses clientes desde criança, até ficar adolescente, adulto. E o bar também foi essa visão de querer ampliar o nicho do negócio.
MA: Sobre a franquia sair do Nordeste? Existe essa possibilidade?
KC: Nós abrimos em João Pessoa, Campina Grande e duas lojas franquiadas em Mossoró, e temos essa pretensão. Queremos começar devagar, aos poucos, crescendo no nosso lado, já existem propostas para abrir em Recife, Maceió, Fortaleza. Está na fase do pessoal procurar ponto, é demorado, mas a gente cresce aos pouquinhos. No início teve até uma procura grande de começar a comprar, em Brasília, Florianópolis. Eu falei não, vamos devagar, dando um passo aqui e ali, porque se o negócio vai para muito longe, foge do controle. Estamos aprendendo, é um negócio novo, franquia não é tão fácil.
MA: Qual seu perfil como proprietário? Existe a preocupação de estar sempre próximo do negócio ou você delega essa função para outras pessoas?
KC: Acompanho muito de perto, até reclamam que eu sou meio centralizador. Gosto de pelo menos estar a par de tudo que acontece. Nem toda decisão parte de mim, delegamos várias coisas, mas eu gosto realmente de estar acompanhando porque foi criação minha, da minha mulher, do meu primo que não está mais conosco, só a gente sabe como funciona. A partir do momento que você vai deixando de lado, as coisas ficam iguais ao que os outros fazem. O segredo do sucesso também é esse. É a gente estar aqui vendo, às vezes eu vou para a cozinha, na chapa, até para os funcionários verem: “ele sabe fazer”. Fui eu quem comecei a fazer isso (risos). E eles gostam. Eu não deixo de estar dentro do negócio. Tem um prédio próximo aqui que é a nossa administração, parte de escritório, cozinha de produção, estoque, tem uns dez anos, mas agora está mudando tudo para cá.
MA: Passando para o lado pessoal. Como é o seu dia a dia com trabalho e família?
KC: Já tiveram dias piores no início. De cinco a dez anos para cá tem sido mais tranquilo para viver a parte profissional e em casa, com a família. Isso é muito importante e hoje estou conseguindo esse tempo depois de tantos anos. Tenho uma filha de 25, outro de 23 e mais um de 20, e eles já ajudam muito, fazem faculdade na mesma área, administração, e estão sempre acompanhando o pai e a mãe no trabalho, foram bem treinados. Hoje dá para viver um pouco mais sossegado. Fim de semana eu não trabalho mais, sexta-feira eu saio, cumpro horário comercial, sábado e domingo dá tempo de ficar em casa vendo um futebolzinho, um momento mais light. Para isso também é preciso ter bons administradores, gerentes, uma equipe boa para ter sossego. Às vezes pagar um bom salário para um gerente, investir em treinamento, atendimento, lhe dá tranquilidade. Muitas vezes as pessoas não querem pagar bem os funcionários, mas acaba tendo muito mais trabalho.
MA: E agora? Quais são os planos?
KC: Estou investindo muito nessa área de franquias, estamos nos capacitando cada vez mais para dar um bom atendimento e contratando mais executivos dessa área para que possa crescer cada vez mais. O grande futuro, a expansão que eu quero, é na área de franquias. A intenção é franquiar até as lojas próprias e ficar só com essa, que é a matriz, a central de treinamento, onde tudo começou. Do lado pessoal, é conviver mais com a família. Hoje tenho dois netos, um da minha filha outro do meu filho. E viajar quando puder, mas aquela viagem não só de lazer, como também de negócios, sempre buscando novidades para implantar na empresa.












