Artesãos fazem negócios e faturam nos primeiros dias da FiartExpositores do Brasil Original comemoram as boas vendas ainda no início do evento |
A dedicação no manuseio da linha entrelaçada à agulha inúmeras vezes, ao longo de todo o ano de 2014, valeram à pena para crocheteira Rosa Márcia Pelúcio. Os produtos que a artesão levou para a 20ª edição da Feira Internacional de Artesanato (Fiart) tiveram boa aceitação por parte do público do evento. Cerca de 30% das peças produzidas foram comercializadas ainda nos quatro primeiros dias da feira, que está sendo realizada no Pavilhão das Dunas do Centro de Convenções de Natal, das 16h às 22h. Rosa Márcia é uma das expositoras do Brasil Original - espaço montado pelo Sebrae no Rio Grande do Norte no evento para destacar a produção artesanal do estado feita com valor agregado e identidade cultural regional - e exemplifica bem o otimismo que contagia quem está com peças no estande.
Formalizada como Microempreendedora Individual (MEI) há pouco mais de um ano, a artesã domina a técnica do crochê e, com essa tipologia, produz desde artigos de vestuário, como blusas, biquínis e bolsas, até almofadas e puffs. "Em apenas três dias, vendi mais do que comercializei durante toda a edição da Fiart do ano passado. Isso é resultado do bom público mas também de um planejamento que fiz para o evento", explica. Ela se refere ao estoque. Para cada três artigos confeccionados ao longo do ano, ao menos um foi destinado à Fiart.
Sílvia Dias é outra artesã que está com produtos à venda no espaço Brasil Original e comemora o bom momento. "Somente no fim de semana, comercializei mais de R$ 1,5 mil, enquanto em toda a feira do ano passado faturei R$ 4 mil. É um indício de que será uma excelente edição", anima-se. Ela fechou uma encomenda para envio de 15 peças para apenas uma cliente após a feira. Da cidade de Caicó (situada a 256 quilômetros de Natal), ela levou produtos diferenciados, com valor agregado, para aFiart. "São peças mais delicadas e que requerem muito tempo para execução". Sílvia Dias explica o motivo da empolgação. "O fato de estar em um espaço do Sebrae faz toda a diferença. Se não fosse uma expositora, meus produtos não teriam tanta visibilidade".
Faturamento
De fato. O ponto é estratégico e sempre há quem volte a cada edição para novas aquisições. As representantes da Associação de Bordadeiras de Timbaúba dos Batistas, Maria de Fátima Araújo e Djeanne Cristina Santos, comprovam isso. "Vendemos neste fim de semana cerca de mil reais e a parte dos nossos consumidores é cliente antigo que vem em busca de novidades", confirmam. Para a Fiart, o grupo levou peças em bordado e rendas. Entre os artigos estão, bate-mão, redes, lençóis e estolas.
O perfil de clientes é um dos diferenciais da Fiart, considerada o principal evento para o segmento no Rio Grande do Norte. Muitos lojistas encontram no lugar novos fornecedores para abastecer os estoques novas mercadorias. A artesã Christina Blondin sabe bem disso. Ainda nos primeiros dias, ela fechou contato com duas empresas para fornecimento de artefatos a partir da pintura em madeira e materiais reciclados. "Busco consumidores regulares e o evento funciona como uma vitrine para meus produtos e marca, pois meu foco é o lojista", explica.
Conceito
O Brasil Original é um espaço conceito idealizado pelo Sebrae e foi ambientado para mostrar ao visitante como cada peça pode ser usada na decoração de ambientes ou mesmo como elemento utilitário. As peças expostas foram desenvolvidas por artesãos formalizados como MEI e três associações de produtores de artesanato atendidos pela instituição por meio do projeto Expoart.
"Estamos expondo uma variedade de produtos com identidade potiguares e de todas as regiões do estado, que vão desde utilitários até produtos decorativos e de uso pessoal. São artigos com qualidade no acabamento e valor agregado, resultados das capacitações oferecidas aos artesãos atendidos", explica a gerente da Unidade de Comércio e Serviços do Rio Grande do Norte, Sandra Martins. A expectativa é que o espaço comercialize pelo menos R$ 66 mil em dez dias de evento.
Solenidade
Apesar de o evento ter sido aberto ao público desde a sexta-feira (23), a abertura oficial ocorreu apenas na noite da segunda-feira (26). O presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae-RN, José Álvares Vieira, prestigiou a solenidade e destacou a importância do evento para o fortalecimento da cadeia produtiva do artesanato, sobretudo aquele artesão do interior do estado, que tende a ter mais dificuldade de escoamento da produção e de vendas diretas ao consumidor sem passar por atravessadores.
O diretor superintendente do Sebrae, José Ferreira de Melo Neto, também participou da abertura da Fiart e ressaltou a necessidade de união de esforços, principalmente entre Sebrae e governo do estado, para que o artesanato potiguar conquiste novos espaços. "O artesanato do Rio Grande do Norte é lindo, mas precisa melhorar a qualidade e alcançar novos mercados. Esse é o desafio. O espírito é de parcerias", pontuou o superintendente, classificando a Fiart como um importante evento do calendário turístico e de negócios do estado.
Além de participar da solenidade, os dois visitaram o Brasil Original, conversaram com os artesãos expositores e puderem conferir de perto a qualidade das peças que estão sendo comercializadas no espaço.
A coordenadora do Programa de Artesanato Brasileiro, Ana Beatriz Ellery , veio a Natal conferir a Fiart e anunciou futura parcerias com governos estaduais para oferecer capacitação destinada aos artesãos e também para programas que possam resultar na inserção do artesanato nacional no cenário internacional, através da participação de feiras e grandes eventos do setor no exterior.
Nesta edição, a Fiart reúne 3,2 mil artesãos, oriundos do Brasil e de 14 países, e tem expectativa de congregar cerca de 70 mil visitantes em dez dias de feira, cuja abertura teve presença do O governador Robinson Faria. Durante a abertura, foi feita uma homenagem ao repentista potiguar Manoel do Côco, que faleceu no último dia 2.
Fonte: Agência Sebrae de Notícias RN












