Grupo Vila: Expansão e inovação no negócio funerário |
Por: Felipe Gibson
Não há como negar que lidar com a morte de familiares ou pessoas próximas é algo complicado. Além da perda em si, questões referentes a enterro, missa, velório, entre outras pendências, aparecem com a necessidade de rápida resolução, tudo em um momento de fragilidade emocional. Foi enxergando esse nicho que o Grupo Vila criou um tipo de serviço funerário que se tornou referência no segmento nacional e internacionalmente.
Com a visão de qualificar e agregar valor ao que podemos chamar de cuidados com a morte, a empresa expandiu seu trabalho como funerária para o ramo de cemitério e se firmou de vez com criação de um plano funerário, chegando ao que o presidente do grupo, Eduardo Vila, considera “os três grandes segmentos” do setor.
Criado em 1948, o Grupo Vila ganhou destaque no mercado no início da década de 90, quando aproveitou o momento de saturação dos cemitérios públicos. Em 93 veio o cemitério Morada da Paz, em Emaús. No ano seguinte nasceu o Plano de Previdência Funerária SAFRA, criado para clientes de baixa renda sem condições financeiras de pagar um funeral aos parentes que se foram.
Apostando sempre em inovações, a empresa expandiu seus empreendimentos por estados como Pernambuco e Paraíba. São cemitérios, centros e complexos funerários, além de um crematório, localizado em Recife. Segundo o presidente Eduardo Vila, o grupo já tem planos para chegar a outras cidades nordestinas. Macabro ou não, dizer que hoje trabalhar com a morte é um negócio próspero já é uma constatação, pelo menos no caso do Grupo Vila.
Plano funerário
Considerado o atual carro chefe do negócio, o hoje Plano Sempre de Assistência Funeral cobre em torno de 200 mil pessoas só em Natal, segundo Eduardo Vila. O presidente explica que o plano se destacou em relação aos outros segmentos, pois oferecia um nicho elástico. “O serviço do cemitério e funerária fica limitado ao número de mortes. Hoje a gente se expande basicamente com plano, é a ponta da lança”, revela.
O presidente do Grupo Vila compara o Sempre com o serviço prestado por um plano de saúde ou seguro, em que o cliente paga e recebe o atendimento quando necessitar. Por trás do plano funerário, a empresa oferece toda a cadeia de serviços, que inclui remoção, traslado, velório e ornamentação, urna, capela, coroa de flores, santinhos, livro de assinaturas, despachante e, se necessário, uma psicóloga do luto para dar apoio aos familiares.
Com uma taxa de adesão e R$ 20 mensais é possível cobrir famílias de em média cinco pessoas. Segundo Eduardo Vila um serviço do mesmo nível contratado de uma só vez custa R$ 2.500. "A gente vende tranqüilidade e dignidade. Isso livra as pessoas de fazer um negócio quando não se tem cabeça, com os nervos a flor da pele. É tudo que elas não querem nessa hora”, explica.
De acordo com Eduardo Vila, o segredo do sucesso do plano aconteceu com a sistematização do processo de vendas. O presidente do grupo conta que hoje equipes de vendedores saem diariamente oferecendo o serviço porta a porta. “É listado o número de pessoas do plano e disponibilizamos o Call Center para necessidade. Com um simples telefonema se resolve tudo”.

Serviços em vida
Uma empresa que trabalha com serviços funerários oferecer benefícios ao cliente enquanto vivo. A frase pode parecer estranha, no entanto enxergar essa possibilidade foi um dos grandes trunfos do Grupo Vila. “Depois de certo tempo, sentimos que precisávamos oferecer serviços em vida”, relata Eduardo Vila.
No caso do Plano Sempre, além dos cuidados com a morte, o cliente tem direito a descontos em medicamentos, exames, consultas médicas, tratamentos odontológicos e aluguel de equipamentos, que são encontrados em farmácias credenciadas ao Grupo Vila e nas Clínicas Multifam. Este último um segmento criado pela própria empresa com sedes em Natal e Parnamirim.
Apesar de toda a cobertura médica dada aos clientes, Eduardo Vila lembra que é importante não confundir as coisas. “Deixamos muito claro que nossa razão de existir é o serviço funerário. O médico é um algo a mais que a empresa oferece”, esclarece o presidente do grupo.
A diversificação na prestação de serviços tem levado o Grupo Vila a segmentar sua atuação. “Estamos dividindo em funerário (cemitério e funerária) e não funerário (espécie de seguro). A lógica do plano é inversa ao da funerária, o cliente que falece é o que aumenta o nosso custo. No caso da funerária o serviço é imediato”, explica Eduardo Vila.
Inovações
Apesar de já ter se firmado no mercado, o Grupo Vila ainda busca novas ferramentas para os clientes. Entre as ideias em fase de amadurecimento, Eduardo Vila cita os memoriais eletrônicos. “Desenvolvemos um software que permite uma montagem rápida, com fotografias e filmetes, banco de imagens e músicas, que passam durante o velório”, explica.
No entanto, o presidente do grupo conta que o serviço ainda não vingou, principalmente porque muitas pessoas são sensíveis a esse tipo de lembrança no momento da despedida do parente que se foi. “Falta o equilíbrio, até onde podemos ir com isso. Existe a questão da religião, e de como cada um encara. Estudamos utilizar nas missas de 7° ou 30° dia”, avalia.
Outra ferramenta que tem chamado a atenção é o chamado Velório Virtual. Através dele, familiares que moram longe podem assistir às cerimônias via internet, pelo www.grupovila.com.br. O acesso é restrito aos parentes, que recebem uma senha para acessar o vídeo. De acordo com Eduardo Vila, o serviço vem tendo uma adesão interessante.
Eventos
Outro potencial que vem apresentando retorno ao Grupo Vila é a promoção de eventos em datas comemorativas. Dia dos Pais, Dias das Mães, Ano Novo, Natal e Finados, representam um movimento surpreendente nos cemitérios. “A gente entende que são festividades onde a família normalmente se reúne e tem alguém ausente”, conta Eduardo Vila.
Nas datas, a empresa promove eventos com missas, homenagens e cerimônias aos clientes.Para se ter Ideia, o presidente do Grupo Vila conta que o movimento no Dia das Mães chegou a 15 mil pessoas, porém o Dia de Finados é a data que apresenta maior demanda.
Tendências
Quando se fala em futuro nos serviços funerários, o crematório ganha o centro das atenções. No Brasil, a prática de transformar em cinzas o corpo de um parente ainda não tem uma adesão forte, tanto que de acordo com Eduardo Vila, apenas 5% dos brasileiros utilizam o serviço. Em Natal o número é insignificante.
Porém, o presidente do Grupo Vila acredita que o nicho não evoluiu devido à oferta. Ele cita que o crematório de Recife já atende a mais de uma pessoa por dia, um movimento que surpreendeu o próprio Eduardo Vila. “Além de resolver o problema do transporte do corpo, o crematório também é solução sanitária muito mais eficiente, porque simplesmente calcina, e não tem problema na decomposição”.
Eduardo Vila cita exemplos como os Estados Unidos, em que o percentual de cremação chega a 30%, número ainda maior em países como Suíça (71%) e Japão (98%). Entretanto, Vila alerta sobre a importância de não banalizar o processo e manter os rituais tradicionais antes e depois do corpo passar pelo crematório. “Isso é ruim, se não há cerimônia, o serviço fica muito rasteiro”, explica.
Expansão
Quando se fala na expansão dos empreendimentos, Eduardo Vila lembra que foi difícil conquistar a confiança das pessoas no começo. “A gente sofreu bastante para mostrar que se poderia trabalhar com responsabilidade e respeito”, afirma o presidente do Grupo Vila.
Hoje com dois cemitérios e um centro funerário no Rio Grande do Norte, um complexo funerário em João Pessoa, além de outros dois cemitérios e um crematório em Pernambuco, a empresa tem buscado novos mercados. De acordo com Vila, o grupo pretende abrir pelo menos três empreendimentos até 2012, em Mossoró, João Pessoa e Recife. Em médio prazo, Salvador pode ser a próxima cidade nordestina a receber a empresa.












