Pequenas empresas resistem ao tempoSupermercado Cristóvão e Dijosete vencem a concorrência com a tradição. |
Por: Lidiane Lins
Em meio ao domínio de grandes redes empresariais, principalmente nos setores de comércio e serviços, algumas pequenas empresas tradicionais resistem ao tempo e à concorrência, e se mantém firmes no mercado. Um exemplo disso é o supermercado Cristóvão (antigo São Cristóvão), primeiro de Natal, há 61 anos faz parte a história do centro da cidade.
“O Cristóvão é um negócio de família, referência para os moradores da Cidade Alta”, destaca empresário João Santana Filho, administrador do supermercado. Inaugurado em 1949 pelo pai, o negócio foi passado num primeiro momento para o irmão do empresário, chegando às suas mãos em 1977.
Até hoje, ao contrário de outras empresas que se expandem e abrem novas unidades, o supermercado Cristóvão continua com apenas uma loja e não tem planos de investir na abertura de filiais. “Nosso diferencial é o fato de sermos um supermercado pequeno, de bairro, que não oferece confortos como estacionamento e lazer na loja, mas que dispõe de preços mais baixos que os da concorrência. Isso nos garantiu uma clientela fiel”, afirmou João Santana.
Para compensar as limitações físicas, como a falta de estacionamento, e conquistar clientes, o supermercado apostou no sistema de entrega em domicílio. “Dessa forma, atendemos não apenas moradores das redondezas, mas também clientes de bairros como Candelária e até mesmo da Zona Norte. Alguns clientes até chegam a deixar a lista compras conosco”, revelou o administrador da loja.
De acordo com o aposentado Manoel Ferreira de Souza, o supermercado Cristóvão é sinônimo de familiaridade e conveniência. “Venho aqui há mais de quinze anos, por ser perto de casa, ter bons preços e atendimento personalizado por pessoas que conhecem a gente”, disse.
O supermercado Cristóvão não se expandiu, mas isso não significa que o grupo não tenha investido em outros segmentos. A família também administra as fa
mosas Cestas São Cristovão, produto típico do período natalino, mas que ganhou destaque durante o ano inteiro. De acordo com Santana, a demanda das cestas natalinas é tanta, que a empresa se prepara para começar a produção a partir deste mês. “Se não começarmos agora, não daremos conta de todos os pedidos até o fim do ano”, revelou.
O setor de móveis e produtos para escritório também tem seu tradicional representante local. O empresário Dijosete Veríssimo da Costa, proprietário da conhecida loja Dijosete, vem atuando na área desde 1976, e embora continue com apenas uma loja, se tornou uma marca forte em toda a cidade.
A empresa, que começou como especializada em máquinas de datilografia e calculadoras, passou a revender móveis e demais artigos para escritório em uma pequena loja na avenida Ulisses Caldas e hoje fornece produtos até para hospitais, escolas e repartições públicas, em um prédio moderno, localizado na avenida da Integração.
De acordo com Dijosete, não é fácil manter um negócio funcionando por tanto tempo frente à empresas maiores e franquias que se estabeleceram na cidade. “Tem sido um verdadeiro desafio manter a empresa funcionando com prosperidade ao longo dos anos, principalmente quando competimos com grandes redes de lojas que, em geral, são extensões de suas próprias fábricas”, afirmou o empresário.
Para Dijosete, os preços diferenciados e o nome tradicional no mercado são os segredos para o sucesso da loja. “Em tempos de crise, como a que tivemos no ano passado, tradição, qualidade e preços atrativos são fundamentais para nos manter competitivos”.
Segundo ele, os incentivos oferecidos pelo governo com a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) foram imprescindíveis para ajudar na recuperação do setor, em especial as pequenas empresas, a atravessar a crise econômica. “No período de crise, as vendas caíram 15%. A redução do IPI nos ajudou a superar essa má fase e hoje, após o fim do incentivo, registramos um crescimento em torno de 25% nas vendas”, revelou Dijosete.
O consultor empresarial Carlos von Sohsten acredita que não há uma fórmula para definir o sucesso de empresas tradicionais como o supermercado Cristóvão e a loja Dijosete. Ele afirma que, de forma geral, empresas que não procuram se expandir, ampliar seus nichos de mercado, acabam sendo “engolidas” pelo mercado.
“A dinâmica do mercado é muito sutil. Muitas vezes, os empresários investem, apostam em modernização e falham. Na verdade, cerca de 50% das empresas fecham suas portas antes de completarem dois anos. Eu diria que o segredo do sucesso para se manter no mercado por tanto tempo, é manter uma boa gestão”, disse von Sohsten.












