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23/10/2010 09h07 - Atualizado em 25/11/2010 15h36

Enrico Fermi defende gestão participativa na ABIH nacional

Atual presidente da ABIH/RN disputa pleito nacional no próximo dia 24 de novembro.

Por: Felipe Gibson

Há quatro anos na presidência da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio Grande do Norte (ABIH/RN), Enrico Fermi planeja um salto maior no concorrido setor hoteleiro. Após a ruptura do grupo que comandava a ABIH nacional, o empresário potiguar disputará no dia 24 de novembro a eleição para presidente da entidade com o cearense Eliseu Barros.

A oportunidade de disputar a presidência surgiu depois que o presidente Álvaro Bezerra de Melo desistiu da candidatura a reeleição. Como principal representante do projeto de gestão da chapa, Fermi foi o nome escolhido para concorrer ao cargo contra Eliseu Barros, numa disputa entre nordestinos na ABIH nacional.

Com o plano de implantar um novo modelo de gestão na ABIH, Fermi já tinha a pretensão de disputar a presidência nacional da entidade. Em entrevista ao Portal Mercado Aberto, o empresário destaca suas principais propostas, comenta questões importantes da hotelaria, e faz uma avaliação das virtudes e deficiências de um setor com papel essencial para o país sediar eventos como a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016.

Mercado Aberto: Como surgiu a oportunidade de concorrer à presidência nacional da ABIH?
Enrico Fermi: Na verdade a oportunidade você tem que ajudar a criar. Fazemos parte de um grupo, da diretoria, e a candidatura de Eliseu (Barros – da ABIH do Ceará) atrapalhou um pouco o processo natural, que seria a reeleição de Álvaro Bezerra, atual presidente. Com isso o grupo se fortaleceu, agregou nomes, e nos fechamos para reeleger Álvaro, mas ele decidiu retirar a candidatura por problemas pessoais. Entenderam que meu nome era o mais posicionado por eu estar levando o projeto do grupo a todo o Brasil. As condições são criadas a partir do momento que você se credencia. Decidi fazer esse trabalho por conta própria com apoio de todo turismo local, da Fecomercio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do RN), Coohotur (Cooperativa de Desenvolvimento da Atividade Hoteleira), Natal Convention Bureau. Entendemos que o RN precisava desse espaço e saímos unidos em busca do objetivo.

MA: Você já objetivava concorrer ao cargo de presidente?
EF: Sim. Nosso projeto tem começo meio e fim. Ele foi preparado pelo colega Kléber Torquato quando assumiu, e teve a oportunidade 12 anos atrás. Projetamos que após três anos de gestão, o Nordeste tinha condições de sair com nome para ABIH nacional. Na ocasião ele não teve condições de assumir e o projeto foi adiado. Com a nossa projeção, era um objetivo traçado e dentro dele estava minha qualificação. Sempre fui uma pessoa que tratei de cuidar do dia a dia, do meu conhecimento. No primeiro semestre deste ano fiz um curso de inglês nos Estados Unidos para aperfeiçoar a língua base que precisamos neste momento, na ponta de dois grandes eventos (Copa do Mundo e Olimpíadas). Tenho o objetivo de antes de assumir, visitar todos os estados, independente do resultado, e assim terei um feedback de toda a hotelaria nacional para poder falar e defender no que for possível.

MA: Quais são suas prioridades caso vença a eleição?
EF: A primeira é mudar o modelo de gestão da ABIH. O atual é centralizador e presidencialista, no qual as decisões cabem na mão de um responsável, que é o presidente. Uma carga muito grande e uma possibilidade de ampliar erros. Tenho objetivo de nos próximos três anos transformar essa gestão. Meu primeiro ato vai ser promover uma assembleia para mudar esse formato e desenhar um novo jeito de gerir, com um conselho deliberativo formado por todas as ABIHs e abaixo disso uma diretoria executiva, que atuará de acordo com os parâmetros determinados pelo conselho.

MA: As decisões partiriam do conselho?
EF: Todo o planejamento estratégico da entidade com os rumos que ela deve tomar para os próximos anos. Caberá a diretoria executiva simplesmente executar. Isso faz com que você tire um elemento muito forte nessa sequência de anseios de alguns colegas de assumir a ABIH, que é um componente forte, a vaidade. E vai se candidatar a presidência executiva quem queira se dedicar a entidade e a causa da hotelaria no país de uma forma preparada, falando de todos os aspectos do setor no Brasil.

MA: Falando no Rio Grande do Norte. O que representará sua eventual eleição para o estado?
EF: Significa uma oportunidade que o estado tem dentro deste processo todo, nas prioridades que falei. Uma delas é a qualificação da mão de obra visando a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016. Com o aumento do fluxo interno, onde temos a priori 30 milhões de brasileiros, mas nestes cinco ou sete anos são 50 milhões, vamos ter um turismo interno muito aquecido. A preocupação é qualificar, formar mão de obra que atenda a necessidade do setor e que se possa vender nossa hotelaria dentro de um conceito ótimo, internamente e para o mundo. Esse é o segundo ponto da minha gestão. É de suma importância eu estar lá, pois assim vamos ter condições de carrear para o estado um maior número de projetos e recursos, sem pensar que não serei mais presidente da ABIH do RN, e sim em nível nacional. Vou ter que lutar por todos os estados, com prioridade para as 12 cidades sede e depois para os 65 destinos indutores, segundo o planejamento estratégico do Ministério do Turismo.

MA: Em que padrão está a hotelaria brasileira hoje?
EF: Você tem uma hotelaria, principalmente do Nordeste, jovem. Ela já foi feita visando o turismo de lazer e não o de negócio. São hotéis horizontalizados, pé na areia, resorts, voltados para esse público nacional e internacional que procura o lazer. Mas temos também outros desafios que é readequar a hotelaria, como a do Rio de Janeiro, que já está pedindo um maior número de apartamentos, dentro de parâmetros de crescimento razoáveis. A hotelaria de São Paulo cresceu muito nos últimos dez anos, com grande volume não só de hotéis, como de flats e outros equipamentos de hospedagem. Também existe o desafio da interiorização, explorar a potencialidade das riquezas e diversidades que o Brasil tem como país continental, ou seja, temos vários destinos turísticos dentro do país. A gente tem, por exemplo, neste momento, o Oktoberfest, em Blumenau. Um mês de festa com toda uma região desenvolvida, quase 1 milhão de pessoas circulando lá. É isso que a gente quer fomentar, estender esse turismo a diversos cantos do Brasil e desenvolver outros nichos de mercado.

MA: A hotelaria está pronta para receber Copa e Olimpíada? E como está Natal neste processo?
EF: O Nordeste teve um avanço muito grande nos últimos 20 anos e a hotelaria nordestina atende a expectativa sim, principalmente no que diz respeito a cidades O Rio Grande do Norte tem 42.000 leitos, somos a segunda maior do Nordeste, só perdendo para a Bahia. Falando em capital, Natal é a cidade do Nordeste com mais leitos, 26.200, quase o dobro de Recife, que tem 13.500, 10.000 a mais que Fortaleza e mais do que Salvador. Isso tudo é uma hotelaria recente, tivemos investimentos recentes no Nordeste. Só no RN são mais 25.000 leitos em projetos aprovados de grupos internacionais, que com o efeito da crise sofreram um forte choque na sequência dos projetos. Temos outros desafios, Cuiabá tem uma hotelaria pequena, Centro Oeste também se prepara, o Rio de Janeiro que falei, o Rio Grande do Sul, que tem uma hotelaria antiga e precisa de mais leitos. Mas a preocupação não é só fazer leitos para grandes eventos, como para os pós-eventos. Temos que juntar equipamentos e diminuir a sazonalidade de acordo com o que a gente já sabe e mapeia, que são centros de convenções. Focar no turismo de eventos e negócios e buscar nichos que correspondam à expectativa de manutenção sustentável dos equipamentos que vão ser construídos para esses dois grandes eventos.

MA: Sobre a reclassificação dos hotéis? Como está essa questão?
EF: A ABIH participou desta discussão ativamente, alguns colegas pró, outros contra, e rumamos para dar apoio ao projeto. Essa nova matriz foi muito bem estudada. A presidente da ABIH de Minas Gerais, Silvania Capanema fez um belo trabalho nisso, foi buscar comparativamente resultados na matriz hoteleira da Espanha e outros países mais desenvolvidos turisticamente do que nós, e viu que estávamos no caminho certo. A classificação é uma tendência natural, apesar de ser uma ferramenta cara, é indispensável quando se almeja a busca pela clientela internacional, que vai dar muito mais crédito, digamos assim, a quem estiver classificado dentro dos parâmetros, muito parecidos com o que se tem no resto do mundo.

MA: Em caso de eleição, você deixa a presidência da ABIH do RN. Qual é o atual panorama da hotelaria potiguar?A gente vem com o turismo crescente no estado. Ninguém consegue enxergar Natal e o Rio Grande do Norte não fosse esse potencial turístico. A base inicial está feita, agora temos que caminhar para passos mais longos. Precisamos dotar os destinos de mais infraestrutura e cumprir aquele lema de que a cidade só é boa para o turista se é boa para quem nela vive. É preciso cuidado com a questão da segurança, do saneamento básico, mobilidade urbana, para que a cidade fique confortável e possa receber de braços abertos o turista que vem. Nós demos um salto grande, mas tem muito a avançar. Com relação a divulgação deixa a desejar. O orçamento da Emprotur (Empresa de Promoção Turística do RN), que gere a divulgação do estado, é de R$ 12 milhões por ano, enquanto a prefeitura de Recife tem R$ 55 milhões. E o turismo não é para Recife o que é para nós em termos de percentual de arrecadação. Temos que trabalhar muito para ampliar esse orçamento, trabalhar a nossa bancada federal para que ela possa se conscientizar que além de verbas para infraestrutura, são necessárias emendas também para cooperar com esse orçamento, tendo em vista que a receita do nosso estado é diferente de outros como Pernambuco e Ceará, que têm outras fontes de renda que não temos aqui. E aí direcionar emendas coletivas do orçamento federal que a gente possa usar para a divulgação do destino e somar com os R$ 12 milhões para num futuro breve pensar em algo de no mínimo R$ 25 milhões. Superamos o restante com nossa beleza, e em carinho que possamos dar ao turista, assim vamos buscar um pouco mais que esses outros destinos.


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