Por: Karla Larissa
Uma lei municipal promulgada em setembro obriga ao comércio de Natal a utilizar, em cinco anos, sacolas plásticas apenas do tipo oxi-biodegradáveis (OBP’s). Mas enquanto alguns estabelecimentos já começam a aderir às novas sacolas, o Instituto Nacional dos Plásticos afirma que as OBP´s são uma farsa.
Alguns estabelecimentos, como a rede de supermercados Nordestão, começaram utilizar as sacolas oxi-biodegradáveis antes mesmo da promulgação da lei municipal.
Segundo o superintendente da Rede, Manoel Etelvino, as OBP´s, juntamente com as ecobags começaram a ser utilizadas simultaneamente em todas as sete lojas da rede de Supermercados Nordestão há pouco mais de um ano. “Desde o seu início, as duas modalidades foram muito bem aceitas pelos clientes da rede”, garante.
Etevilno acrescenta que a substituição das sacolas comuns pelas oxi-biodegradáveis ocasionou um pequeno aumento no custo deste insumo para rede. “Entretanto, defendemos que os ganhos proporcionados ao meio ambiente são superiores”, afirma.
Paralelo ao uso das sacolas oxi-biodegradáveis, a rede de supermercados Nordestão realiza ainda, programas como o Recicle, que utiliza as sacolas oxibiodegradáveis para a separação do lixo reciclável que é coletado em alguns bairros da cidade e repassado para cooperativas que atuam na reciclagem do lixo.
O superintende da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Natal (CDL-Natal), Adelmo Freire, acredita que ainda não há uma grande movimentação do comércio para utilizar as sacolas do tipo OBP. “As pessoas ainda estão sendo informadas sobre a necessidade da mudança. E alguns consumidores, pontualmente, estão utilizando sacolas ecológicas”, afirma.
Adelmo Freire diz que nota que ainda não há uma rejeição dos consumidores às sacolas de plástico comuns. “Isso vai ser um processo de mudança de comportamento”.
Em Natal para ministrar palestra sobre o assunto, o diretor superintendente do Instituto Nacional dos Plásticos (INP), o químico Paulo Dacolina, é taxativo ao afirmar que as sacolas oxi-biodegradáveis são uma “farsa”. “As pessoas acham que estão recebendo a melhor coisa do mundo, mas na verdade essas sacolas são apenas oxi-degradáveis, os fabricantes colocaram bio para ficar mais chamativo. Mas na verdade a única diferença dessas sacolas é um aditivo para acelerar a degradação”, justifica.
De acordo com Dacolina, ao se degradar, o plástico vai se transformando em pedacinhos que ficam no meio ambiente. “Daqui a uns anos será um volume muito grande”.
Segundo o superintendente do INP, a solução então é o mercado utilizar sacolas produzidas de acordo com as normas técnicas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). “São sacolas mais resistentes que aguentam até 6 kg, por isso não devem ser utilizadas em duplicidade, o que gera uma economia de até 30% das sacolas”.
Paulo Dacolina afirma que essas sacolas já são utilizadas por 300 redes. “O grupo Pão de Açúcar conseguiu uma redução de 30 a 40%”.
Dacolina exemplifica que em 2007, o mercado brasileiro utilizou 18 bilhões de sacolas, já em 2008, foram 16, 4 bilhões e, no ano passado, 15 bilhões. Destas 3 bilhões foram de sacolas fabricadas conforme as normas da ABNT. “Isso significa 16,2% de redução, e nós sabemos que o mercado cresceu”.
O químico explica que além da utilizar sacolas mais resistentes, os estabelecimentos precisam realizar programas de reutilização das sacolas. “As sacolas só passam a ser prejudiciais quando são jogadas fora de fora de forma inadequada”, destaca.
Paulo Dacolina destaca ainda que é a favor das ecobags, mas lembra que a maioria dessas bolsas utilizam o plástico na sua fabricação. “80% de tecidos como ráfia e TNT é plástico”.
A presidente do Sindicato da Indústria de Plásticos do RN (Sindplast), Conceição Duarte Tavares, diz que está preocupada com a utilização das sacolas oxi-biodegradáveis porque elas não são recicláveis. “As sacolas que seguem as normas da ABNT são retornáveis e recicláveis. O mais importante é que a população faça a coleta seletiva”, opina.
A diretora da Inplast, empresa fabricante de sacolas plásticas localizada em Parnamirim, Vilma Estefan, diz que ainda não começou a produzir as sacolas do tipo OBP´s porque o mercado ainda não está exigindo. “Mas me preocupo porque as oxi-biodegradáveis não podem ser recicladas. E como ficam as pessoas que vivem disso? Até para nós mesmos, porque na nossa fábrica reutilizamos as perdas”.
Segundo ela, caso necessite fabricar as novas sacolas, não há muitas mudanças no funcionamento da fábrica. “A única mudança mesmo é o aditivo”.












