Negócios com plantas medicinais vão além da fitoterapiaSe associadas a outras atividades nos segmentos de artesanato, gastronomia e cosméticos, algumas espécies podem gerar excelentes negócios. |
Travesseiros infantis confeccionados com plantas detentoras propriedades relaxantes, como lavanda, camomila e erva cidreira. Azeites e óleos aromatizados com ervas ou saborizados com pimenta. Sais de banho acrescidos de óleos essenciais e velas perfumadas. Esses são apenas alguns exemplos de utilização das plantas medicinais para gerar renda. As opções de uso são inúmeras e podem ir além da tradicional fitoterapia. Se associadas a outras atividades nos segmentos de artesanato, gastronomia e cosméticos, algumas espécies podem gerar excelentes negócios e novas alternativas de renda para pquenos produtores.
As oportunidades desse segmento foram apresentadas pela pesquisadora e agrônoma da Embrapa Agroindústria Tropical, do Ceará, a doutora Rita de Cassia Alves Pereira, em palestra, proferida no Espaço Empreendedor do Sebrae na Festa do Boi. Segundo ela, existe um mercado no Brasil para os fitocosméticos, principalmente para os produtos com certificação orgânica. "Não podemos pensar em plantas medicinais apenas com utilização fitoterápica. Há uma infinidade de usos e produtos que podem ser fabricados a partir da nossa flora", ressalta a pesquisadora.
Rita de Cassia Pereira garante que a rentabilidade das ervas medicinais é superior a das demais plantas. "Existe uma tendência mundial para consumo de produtos naturais. Uma mesma espécie, como o manjericão e a acerola, pode ter vários usos e revolucionar atividades tradicionais. Esse é o caso do artesanato". E o melhor é que, para entrar nesse ramo, os investimentos não são altos. Com R$ 2 mil e uma pequena área, já é possível montar uma horta e ter algum lucro.
Só para se ter uma noção da aplicabilidade de algumas variedades, estão sendo desenvolvidas pesquisas com extração de óleos essenciais para uso como pesticida natural. No Rio Grande do Norte, essa substância poderá ser usada no combate à mosca branca que compromete às plantações de melão na região Oeste. No Nordeste, há várias espécies com forte apelo de utilização em notas de perfumes e fixadores. "O que falta é conhecimento para saber aproveitar as potencialidades das plantas medicinais da mesma forma que aconteceu com as plantas tropicais".
Fitoquímicos
Apesar de todo o potencial, menos de 1% das espécies da flora brasileira com propriedade medicinal têm estudo adequado. Das 119 drogas desenvolvidas a partir de plantas medicinais, 74% delas foram alvo de estudo cientifico baseado na medicina popular. O Ministério da Saúde, através da Política Nacional de Plantas Medicinais, liberou o uso de 71 espécies, como aroeira, atroveram, capim santo, mororó, eucalipto, terramicina e maracujá. Apenas no Semiárido, são 25 tipos de plantas recomendadas após estudos fitoquímicos e farmacológicos.
Por isso, mesmo sendo naturais, é preciso cautela e saber os melhores horários de colher e as quantidades e formas de uso das ervas medicinais. A terramicina, por exemplo, deve ser colhida pela manhã. São poucas as que têm comprovação científica de suas propriedades. "Percebemos que, no geral, faltam informações agronômicas e estudos. É preciso ter conhecimento científico da planta, se está catalogada, e seus princípios ativos. Para que essas matérias primas sejam reproduzidas em escala comercial", diz pesquisadora.
Fonte: Agência Sebrae RN

