Oscar Freire natalense passa investir em novos públicos |
Conhecida como a Oscar Freire de Natal (referência à famosa rua comercial de São Paulo, que reúne algumas das grifes mais caras do país), a Avenida Afonso Pena, localizada nos bairros de Tirol e Petrópolis, começa a mudar a imagem de centro frequentado exclusivamente pela chamada classe média-alta da cidade, e se abrir para públicos mais variados.
Atualmente, a avenida conta com variados estabelecimentos comerciais e de serviços, das áreas de saúde, lazer, gastronomia, escritórios empresariais e lojas de vestuário, calçados e acessórios. Dessas, a maioria é especializada em produtos de caráter mais exclusivo, que não são encontrados nos shopping centers da cidade. Porém, algumas lojas estão apostando também em produtos com preços mais acessíveis e condições de pagamento diferenciadas, com o intuito de atrair pessoas que trabalham nas diversas clínicas e escritórios das redondezas, assim como estudantes daquela área.
De acordo com a empresária Verúcia Carvalho, proprietária de uma loja de artigos de couro na Afonso Pena, hoje em dia a avenida vem adquirindo um perfil mais democrático, que procura alcançar públicos mais variados. “Todos os dias, recebemos aqui na loja clientes das mais variadas idades e estilos. Por ser uma avenida de grande circulação, é natural que as pessoas parem e confiram as peças”, diz a empresária.
Para a analista jurídica Édyla Menezes, que trabalha nas proximidades da Afonso Pena, é possível ir às compras na avenida, sem gastar muito dinheiro. “Acredito que a maioria das lojas da Afonso Pena ainda é destinada para quem tem um poder aquisitivo mais alto. Porém, dá para encontrar coisas de qualidade com preços acessíveis, com a comodidade de ser perto do trabalho”, diz.
Segundo Verúcia Carvalho, o diferencial do comércio da avenida é o atendimento personalizado. “Os clientes vêm fazer compras aqui em busca de um atendimento mais pessoal, diferentemente do que se encontra em lojas de shopping. Muitos passam pela loja apenas para bater papo com as vendedoras e depois voltam para comprar algo de que gostaram. Sempre oferecemos cafezinho com trufas, que acabam sendo outra atração da loja. A nossa ideia é resgatar aquele feeling de boutique de antigamente”, afirma Verúcia.
Levando a sério a proposta de agradar seu público, a loja passou a oferecer até mesmo motorista para buscar e deixar em casa os clientes não puderem ir às compras. “Quando o cliente liga dizendo que quer vir, mas não tem como, nós vamos buscá-lo e depois deixá-lo em casa, sem cobrar nada por esse serviço. Pode parecer exagero, mas é esse tipo de coisa que conquista o público e faz com que ele retorne”, revela Verúcia Carvalho.
De acordo com a vice-presidente da Associação de Empresários e Moradores da Avenida Afonso Pena e Arredores (Aemapa), Ivone Freire, a Afonso Pena possui um colorido especial, é uma avenida pulsante, alegre, que atrai até mesmo que não estava interessado em fazer compras. “É a Avenida mais charmosa da capital”, define a empresária.
Porém, segundo Ivone, o movimento na Afonso tem reduzido drasticamente após a implantação do Via Livre, no ano passado. Ela revela que o fluxo de consumidores caiu entre 25% e 30% desde que as cerca de 670 vagas de estacionamento foram removidas da avenida.
“As autoridades precisam entender que a Afonso Pena é uma via de destino e não de fluxo de trânsito. Localizada na área mais nobre de Natal, a avenida concentra um número significativo de atividades comerciais, as quais contam com expressiva circulação monetária. Sem uma solução viável para o problema de estacionamento, muitos desses negócios correm o risco de fechar as portas”, avisa Ivone.
A empresária acrescenta ainda que o atual titular da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob), Renato Fernandes, prometeu marcar uma reunião com a prefeita Micarla de Sousa para discutir a questão do estacionamento na Avenida. “Esperamos que a prefeitura nos ajude a resolver esse problema que ameaça o comércio do local. Para ser a Oscar Freire de Natal e continuar atraindo novos públicos, a Afonso Pena precisa ser mais bem cuidada”, completa.












