Bolsa:"Com a crise, existe a possibilidade de lucrar com a queda dos preços dos papéis" |
Mesmo quando os mercados financeiros estão em momentos de crise (ou principalmente nesses momentos) o investidor tem boas oportunidades de entrada no mercado de ações, desde que seja bem assessorado e tenha um bom manejo de risco. É o que aponta o gerente comercial da Um Investimentos, Erik Dias, na entrevista seguinte. Ele fala sobre as principais dúvidas dos investidores com a crise na Zona do Euro, as perspectivas quanto ao prolongamento da turbulência e as alternativas para os mais conservadores.
Mercado Aberto: Quais são as principais dúvidas dos investidores com relação à crise na Zona do Euro? Eles demonstram muita preocupação sobre a sua influência na bolsa de valores brasileira?
Erik Dias; Basicamente, o investidor vai querer saber se é uma boa hora ou não para fazer aplicações em renda variável (ações). Também fica curioso sobre o tempo dessas operações em um momento de turbulência, ou seja, curto, médio ou longo prazo. Geralmente, os investidores, principalmente os pequenos, tem um pouco de receio em entrar nesse mercado, então orientamos que primeiro ele experimente o produto, investindo pequenas quantias, até ganhar confiança e aportar recursos maiores e com mais regularidade.
MA: Os investidores têm dúvidas específicas sobre a variação do preço de suas ações?
ED: Muita, porque, apesar de o Brasil estar vivendo um momento econômico muito bom, o que se reflete em uma entrada cada vez maior do capital estrangeiro no país, em uma economia global todos os mercados terminam sendo influenciados por uma situação de instabilidade nos centros financeiros importantes. Então as pessoas sempre tentam procurar algum motivo para o preço da ação que ele comprou ter caído, quando na verdade não aconteceu nada de sério com a empresa, sendo a queda do preço apenas uma busca de proteção por parte principalmente dos investidores estrangeiros.
MA: Você acredita que essa a crise europeia vai se prolongar por muito tempo?
ED; O que posso dizer é que a crise é séria. Há duas semanas, o Fundo Monetário Internacional (FMI) aprovou um pacote de 750 bilhões de euros para a Zona do Euro, mas os economistas falam na necessidade de três trilhões para equilibrar as contas. Além disso, o desemprego na região é muito alto. Na Espanha, por exemplo, a taxa chegou a 20%, assim como ela apresenta problemas com o sistema bancário, o que preocupa muito, uma vez que aumento o risco de contágio da crise.
MA: Então não é o momento para se entrar no mercado agora?
ED; Sempre é um bom momento para se entrar no mercado de ações porque também existe a possibilidade de lucrar com a queda dos preços dos papéis. Além do mais é o melhor momento para fazer compras com uma quantidade menor de dinheiro. Para quem visa longo prazo, não há grandes preocupações.
MA; Mas, e os mais conservadores? Que escolhas eles têm?
ED: Também opções de investimento em renda fixa e tesouro direto, que pode ser bastante atrativo com a subida da taxa Selic.
MA: Por que as ações da Petrobras (juntamente com as da Vale, são as mais negociadas da Bovespa) estão tendo um desempenho abaixo da média ultimamente?
ED: Principalmente por causa das indefinições quanto à capitalização da empresa para explorar a área do pré-sal. É um processo demorado e termina influenciando nas decisões do investidor, que não gosta nada de incertezas. A queda na cotação internacional do petróleo também vem influenciando o preço do papel, que está em patamares vistos em 2007.
MA: A partir de que quantia em dinheiro uma pessoa pode investir em ações?
ED: Não existe uma quantia mínima. Porém, é importante observar os custos com a corretagem, que se a quantidade for muito pequena, pode inviabilizar a rentabilidade do cliente. O que nós sugerimos é que pessoa comece com, pelo menos, cem reais.
MA: E como se faz para começar a operar no mercado?
ED: Através de um cadastro em uma corretora de valores mobiliários, um processo bastante simples, podendo ser feito pela internet. É bom pesquisar antes sobre a credibilidade e os custos de cada corretora antes de escolher a sua, assim como em qualquer prestação de serviços. No site da Bovespa (www.bovespa.com.br) há uma lista com as corretoras credenciadas a atuar e algumas delas com os links para os seus sites. Esse é o melhor início da pesquisa porque, de uma maneira geral, os sites das corretoras (assim como o da própria Bovespa) têm bons textos explicativos para o iniciante.
MA: O investidor potiguar está se aproximando mais do mercado de ações?
ED: Com certeza. Recebemos muitas ligações de curiosos, querendo conhecer mais o segmento. No Rio Grande do Norte, entre investidores ativos e inativos, há em torno de 2.200 pessoas. É um número pequeno em relação ao total dos aplicadores brasileiros, em torno de 0,14%, mas percebemos um crescimento constante.
MA: Uma dúvida bastante comum entre os investidores é de qual rentabilidade que eles podem conseguir com as ações. Como vocês respondem a esse tipo de dúvida?
ED: Prever a rentabilidade em renda variável é impossível. Em 2009, ano em que as pessoas aproveitaram para comprar papéis baratos, houve empresas que conseguiram uma valorização anual de 600%, como é o caso da LLX, empresa de logística de Eike Batista. Não à toa, ele foi o bilionário que teve o maior aumento em sua fortuna no ano passado.
MA: Finalizando, o que você destaca como um diferencial no mercado de ações?
ED: É uma maneira excelente de potencializar e diversificar os seus recursos. Não precisa ter medo ao se investir em empresas de primeiríssima linha, seja no setor petrolífero, mineração, siderurgia, construção civil, varejo ou qualquer outro. Elas têm uma excelente administração e enorme potencial de crescimento e certamente irão remunerar bem os seus acionistas.












