Setor de telecomunicações no Brasil ainda oferece serviços caros, diz IpeaConcentração de empresas é um dos principais gargalos do setor. |
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou nesta segunda-feira (07), estudo que aponta os problemas enfrentados pelo setor de telecomunicações brasileiro. Segundo o estudo, a concentração de empresas prestadoras do serviço é um dos pontos mais críticos para o desenvolvimento do setor.
O estudo, intitulado Desafios e Oportunidades do Setor de Telecomunicações no Brasil, faz uma análise do desenvolvimento do setor no país (desde 1994 até novembro de 2009), passando pelo processo de evolução tecnológica e universalização do serviço de telefonia móvel e celular e o recente crescimento da TV por assinatura.
De acordo com o Ipea, o maior desafio agora, diz é oferecer acesso, com qualidade, a todas as regiões. Em meio à privatização ocorreu a modernização da infraestrutura e o incremento no acesso aos serviços, mas, em contrapartida, houve a "alta concentração do mercado em alguns poucos grupos econômicos, em sua maioria de capital originalmente estrangeiro", diz o estudo.
Os principais obstáculos à universalização de qualidade são: preços de bens e serviços conflitantes com a renda da população, baixos indicadores de escolaridade e proficiência no uso de tecnologia, ambiente de competição pouco dinâmico e com amarras regulatórias, conflitos ligados ao uso do FUST (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicação), baixa qualidade de serviço percebida pelos usuários e diferenças regulatórias entre os serviços.
No diagnóstico do setor, o estudo mostra que a convergência entre tecnologias, bens e serviços de setores antes separados (telecomunicações, tecnologia de informação e conteúdo) e o processo global de liberalização comercial e regulatória possibilitaram transformações tecnológicas e institucionais que trouxeram reflexos na evolução recente das telecomunicações no Brasil.
O Ipea aponta que para a evolução dos serviços ocorrer é imprescindível a adoção de políticas públicas voltadas ao setor e à utilização de seus bens e serviços nos demais setores da economia. Sem isso, dificilmente as telecomunicações e os conteúdos de informação audiovisual permitirão que o país como um todo alcance e usufrua todos os benefícios, de maneira transversal, e em todo o seu potencial. Para tanto, o setor não pode depender apenas do Estado na promoção "da massificação dos serviços", conclui o estudo.












